quinta-feira, 29 de setembro de 2011

FORQUILHENSE EX-COMBATENTE DA II GUERRA MUNDIAL TEM SUA HISTÓRIA DOCUMENTADA 66 ANOS DEPOIS DO MAIOR CONFLITO ARMADO DO SÉCULO XX





 Acadêmico de Filosofia da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA  Jander Lopes de Souza e o Pesquisador da Pré-história Célio Cavalcante (Guardião da Arqueologia Cearense) acendem a história de um bravo forquilhense que estava esquecido pela nossa sociedade. O que se deu: Nascido na comunidade de Várzea da Cobra hoje pertencente ao município de Forquilha-Ce em 21 de Junho de 1913, filho de Francisco Rodrigues Lopes e Joaquina Sousa Lopes, o Sr. Félix Rodrigues Lopes, hoje com 100 anos época da reportagem com seu 98 anos  de idade, é uma personagem histórica viva no município de Forquilha e que foi participante efetivo de um dos maiores conflitos armados do século XX, a Segunda Guerra Mundial. Uma guerra que deixou um saldo de 60 milhões de vítimas onde toda Europa ficou marcada por um banho de sangue entre nações do mundo inteiro. Com o Brasil não foi diferente, mesmo com todo esforço do então presidente Getúlio Vargas de não envolver o Brasil no conflito foi em 1942 após um ataque contra navios brasileiros pelos  alemães que o presidente não teve alternativa, e em 22 de agosto do mesmo ano Vargas reúne-se com seu novo ministério:” diante da comprovação dos atos de guerra contra a nossa soberania, foi reconhecida a situação de beligerância entre o Brasil e as nações agressoras - Alemanha e Itália". Em 31 de agosto de 1942 foi declarado o estado de guerra em todo o território nacional. No dia 6 de Abril de 1943 foi criado pelo Governo Federal o SEMTA (Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para Amazônia), daí em diante seguiu-se o recrutamento dos chamados Soldados da Borracha (soldados alistados com objetivo de extração da borracha para os EUA). Naquele mesmo ano o forquilhense Sr. Félix Rodrigues com 30 anos de idade saiu de sua localidade para fazer seu recrutamento na cidade de Sobral de onde sairia a primeira leva de Soldados da Borracha. Hoje com seus 98 anos de idade e com deficiência para ouvir, mostra-se, contudo altivo e tem em sua voz o linguajar típico de quem conservou experiências contando sua epopéia que durou três longos anos na Amazônia brasileira. Basta-lhe uma pergunta sobre sua viajem que logo se prontifica a responder e não deseja ser interrompido finalizando cada fala com um enfático “tá entendendo?”. Perguntado sobre seu alistamento responde: “fiz isso escondido de minha mãe e só contei para meu irmão que falou que eu estava doido. Na hora, quem se alistasse podia escolher ir combater na Itália, mas eu não queria, pois, iria ter que matar ou morrer” – “saímos de Sobral depois Teresina, Maranhão, Belém e de lá embarcamos num navio cargueiro chamado Cuiabá até Manaus de onde fomos levados para os acampamentos num lugar chamado Boca do Acre chegando próximo a fronteira da Bolívia.”, Perguntado sobre armas reponde: “Recebemos um rifle, espingarda e um facão.” Seu Félix é um homem que demonstra simplicidade e preza muito pela verdade por isso ao concluir uma de suas histórias afirma antes de ser questionado com uma frase estranha “isso não é história de onça não!” Percebe-se nesse homem uma grandeza de coragem e espírito aventureiro, pois, mesmo a contra gosto de familiares e principalmente de sua saudosa mãe, partiu de sua terra natal para um mundo totalmente desconhecido em que poucos retornariam e principalmente de se encontrar ainda vivo contando e fazendo história sendo uma personagem no município de Forquilha que fez parte no cenário da Segunda Guerra Mundial. Foi prometido aos Soldados da Borracha que ao terminar a guerra estes retornariam à sua pátria, na prática muitos morreram de malária ou por não se adaptarem ao modo de vida na selva. No ano de 1945 termina a Segunda Guerra Mundial e seu Félix Rodrigues retorna à sua localidade um ano depois, e em 1947 casa-se. Um casamento típico da época em que o noivo sairia de sua residência na Caiçara a pé para o rito matrimonial na igreja Matriz de Forquilha. Os tempos passaram e 66 anos depois da guerra ainda são poucos os protagonista de um dos mais sangrentos conflitos armados que marcaram o século XX. A cidade de Forquilha tem na pessoa de seu Felix Rodrigues um olhar especial, pois, ele faz história e sua atitude de ter saído de sua terra para ir a um lugar desconhecido em tempos de guerra (e sua maior proeza ainda é de estar vivo contando sua história) faz dele um arquivo vivo dos fatos históricos. Sendo assim num futuro próximo, quem sabe nos meios pedagógicos de nosso município venha a ser este registro algo útil para servir de estudos para a posteridade contribuindo para uma reflexão do homem em seu tempo. Por Jander Lopes de Souza (Acadêmico de Filosofia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA) e Célio Cavalcante Pesquisador da Pré-história (Guardião da Arqueologia Cearense), membro do Conselho Consultivo do Centro Brasileira de Arqueologia e Correspondente da Sociedade Paraibana de Arqueologia, que fez uma entrevista em fita VHF com este imortal brasileiro acima já mencionado. Estas e outras no diário de notícia de Célio Cavalcante.

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