O forró pé-de-serra do norte do Ceará sofreu mais uma grande
perda: morreu em Sobral, aos 84 anos, do dia 08 de abril de 2012, o veterano sanfoneiro José Soares da Silva,
popularmente conhecido por ZÉ CAFÉ. Foi juntar-se à sua antiga turma: seu
compadre Gerardo Ferreira, Pedro Lavandeira, Zequinha Freitas, Gregório,
Artêmio, Palha Braba e muitos outros. José Soares da Silva nasceu em Sobral
(CE), em 29 de agosto de 1927, sendo seus pais Aristides Soares e Silva e Maria
Leandro. O apelido já veio da infância por causa de sua cor. Logo cedo, aos 13
anos, começou a trabalhar para ajudar a família, conciliando isso com os
estudos, razão pela qual chegou apenas à antiga 4ª Série Primária. Seu primeiro
emprego foi na Fábrica de Fiação e Tecido Sobral Ernesto Sabóia & Cia.,
onde ingressou em 04 de maio de 1942, com carteira assinada pelo Dr. José Maria
Mont’Alverne. Lá trabalhou inicialmente como carreteleiro, tendo também
exercido a função ajudante de escritório. Deixou a Fábrica em 17 de maio de
1946. Por volta de 1945/46 conheceu dona Maria Ferreira, que se tornou sua
esposa. Eram irmãos dela os músicos da família Ferreira (Gerardo, Vicente,
Antonio, Chico Carlos e Zé Ferreira), todos tocadores de sanfona. Foi dessa
convivência com os cunhados, principalmente com Gerardo Ferreira, que Zé Café
aprendeu a tocar na sanfona de botão. Empunhou-a por muitos anos em forrós
memoráveis. Na década de 1950 passou a tocar em festas, boates, shows de
auditório nas rádios Iracema (Zé Maria Soares) e Educadora (Marcos da Cruz).
Além disso, também trabalhava como carroceiro, transportando água juntamente
com seu pai, Sr. Aristides. No final dos anos 50 criou seu grupo musical, do
qual participaram Virgílio, Mozart, Manoel Cossias, Zé Gaspar, Raimundo Reis,
dentre outros. Por essa época se integraram ao conjunto de Zé Café os cantores
Darley e Palha Braba. Nos anos 60 e 70, com o grupo mais eclético e renovado,
passou a se dedicar somente à música. Por essa época deixou definitivamente sua
marca registrada na história política de Sobral. Nas campanhas eleitorais era a
famosa charanga de Zé Café que animava candidatos e partidários, contando
sempre com a companhia de Darley, além de outros já falecidos, como Palha
Braba, Zequinha Freitas, Raimundo Sena, Gregório Silvestre. Nessas campanhas,
Zé Café e seus músicos travaram verdadeiras batalhas musicais, tendo como
principal concorrente o grupo de Gerardo Ferreira. Mas a disputa era somente no
campo musical, ficando as amizades totalmente preservadas entre os cunhados e
os demais artistas. Chegando a década de 1980, Zé Café tornou-se funcionário
público estadual na Secretaria de Educação. Passou, então, a trabalhar menos na
música, deixando-a por completo nos anos 90 e alguns anos depois conseguiu
aposentou-se. A partir daí, reservou-se mais no seu lar, onde recebia o carinho
e a gratidão de toda a família que o amava muito e dos amigos que o admiravam e
o respeitavam. A razão era muitos simples: Zé Café foi um exemplo de homem bom,
que só viveu para fazer o bem e para alegrar a todos. Ultimamente, abatido pelo
peso dos anos e pela saúde debilitada, José Soares da Silva (ZÉ CAFÉ)
continuava repassando o mesmo otimismo e a mesma alegria que o caracterizaram
durante toda a vida. E o mais importante: Sentia-se um homem feliz, cônscio de
que cumprira fielmente seu dever para com a família, para com amigos e para com
o Pai do Céu, para o Qual voltava depois uma bela passagem pela terra. Fonte:
Jornal Correio da Semana da cidade de Sobral-Ceará. Estas e outras aqui no diário
de notícia de Célio Cavalcante, membro correspondente da ACEJI.
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