RADIALISTA JOSÉ MARIA SOARES É LEMBRADO PELO REPÓRTER THIAGO ALVES DO JORNAL CORREIO SEMANA DE SOBRAL-CE
Da esq. p/direita: José Maria Siares, Lustosa da Costa e Francy Apoliano.
Na próximo dia 17 de julho, quarta-feira, familiares,
colegas e admiradores da radiofonia de boa qualidade lembrarão os 10 anos de
falecimento de José Maria Capote Soares, aos 82 anos, em Sobral (CE). Ao lado
de Marcos da Cruz (1928-2012) os dois se transformaram nos principais pilares
nos quais se apoiaram e ainda se apóiam os que continuam a fazer a história da
radiofonia em Sobral. É impossível escrever a história do rádio local sem iniciar
pela destes dois grandes sobralenses. Hoje focalizarei Zé Maria; brevemente,
Marcos da Cruz. Filho de dona Isolina e Francisco
Hemetério Soares, o radialista e jornalista José Maria Capote Soares nasceu em
Sobral no dia 5 de maio de 1921. Era casado com Maria de Lourdes Coelho Soares,
com quem teve Maria das Graças e Hemetério Neto. Estudou as primeiras letras em
sua terra na escola do professor Luiz Felipe e se formou em Contabilidade na
Escola Técnica de Comércio Dom José. Trabalhou como guarda-livros das empresas
P. Frota & Irmão e Frota Gentil de Sobral Ltda., tendo-se aposentado como
funcionário da Companhia de Eletrificação do Ceará (COELCE). Mas predominou
como atividade principal a comunicação. Segundo Zé Maria, a vocação para o
rádio começou nos tempos de criança quando ajudava seu pai, que era gerente da
Rádio Coluna Imperador Era o serviço de amplificadoras criado por Falb Rangel
na Praça São João. “Quando eu falava alguma coisa no ar, chegavam a perguntar
se era voz de mulher”, comentava José Maria Soares para justificar que iniciou
no microfone quando ainda nem tinha voz para tanto. Graças à sua desenvoltura,
a seu interesse e à incessante busca por mais conhecimentos, com o tempo foi
convidado para trabalhar com os proprietários da Rede Iracemista de Emissoras
Cearenses. Em 22 de novembro de 1952 o grupo fundou a Rádio Iracema de
Sobral, hoje Rádio Regional, designando José Maria Soares como seu primeiro
diretor. Foi essa a única emissora em que trabalhou durante toda sua vida. A
partir daí passou a empreender um intenso trabalho para dar boa qualidade e
impulso imediato ao novo meio de comunicação que se instalava na cidade. Não
poupou esforço físico, nem criatividade para driblar todas as adversidades,
quer de ordem técnica, financeira ou de mão de obra qualificada ainda carente
na região. Diante disso, teve de desempenhar as funções de empresário,
produtor, técnico, publicitário, apresentador e, acima de tudo, de professor.
Por sua batuta passou a maioria dos profissionais que brilharam ou continuam
brilhando no rádio da região e até nacional. Foi responsável pela orientação e
formação de grande número de comunicadores, sempre priorizando o zelo pela
ética, excelência profissional e respeito ao ouvinte. A comprovação está no
sucesso da maioria deles, na eterna gratidão expressa por seus inúmeros
discípulos e na forma carinhosa com que os antigos alunos, e depois
colaboradores, se referem ao saudoso mestre. Como apresentador,
dentre os programas que comandou o mais famoso foi o Grande Jornal Sonoro H 22,
que era apresentado às 21h, de estrondoso sucesso durante muitos anos. “Era uma
espécie de Jornal Nacional (TV) dos dias de hoje”, comparava Zé Maria. Quanto
às alegrias no rádio, destacava o fato de ter trazido para Sobral, através do
Show Vigorelli, uma caravana com mais de 40 artistas famosos da MPB, dentre os
quais, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Carlos Galhardo, Gregório
de Barrios, além de grandes orquestras, como a Tabajara (Severino Araújo),
Românticos Del Caribe e outras, atraindo grande público de toda a região. Sobre
as tristezas no microfone, assegurava que a maior delas foi a de ter de
noticiar quase na mesma hora o falecimento de Dom José Tupinambá da Frota, a
quem muito admirava e de quem era muito amigo. José Maria Soares foi
considerado o maior apresentador de shows e mestre de cerimônias de Sobral,
tendo sido muito requisitado para abrilhantar Festas de Miss, de Debutantes, de
Colação de Grau e outros eventos. Seu trabalho foi também requisitado
inúmeras vezes na capital cearense e em outras localidades. Na imprensa escrita
foi assíduo colaborador de importantes jornais de Fortaleza e dos desta cidade,
destacando sempre os mais importantes acontecimentos políticos e sociais. Neste
semanário foi responsável pela coluna social durante muitos anos. “O Papa
do Rádio sobralense”, como ainda é carinhosamente chamado, teve uma vida de
homem íntegro, de admirável espírito cristão e de refinada educação. Por seu
incansável trabalho em prol da comunicação interiorana José Maria Soares foi
merecedor de farto reconhecimento, muitas comendas e diversos títulos
concedidos pelas mais respeitadas entidades culturais de Sobral e do Estado do
Ceará. É membro da Academia Sobralense de Estudos e Letras (Cadeira nº 11);
recebeu homenagem da Câmara Junior, Lions, Rotary, Irmandade do Santíssimo
Sacramento, Guarany Sporting Club e Maçonaria; O Centro Cultural Dom José
instituiu o Troféu que leva seu nome; foi agraciado com o Troféu José Limaverde
como melhor radialista de Sobral e também recebeu o Troféu Comunicador do
Século. Foi membro destacado e respeitado na Associação Cearense de Imprensa
(ACI), além de muitas outras honrarias a que fez jus. José Maria Capote
Soares faleceu no dia 17 de julho de 2003, no Hospital do Coração de Sobral, e
acha-se sepultado no Cemitério São José desta cidade. Cumprindo desejo seu, a
família doou seu valioso acervo fotográfico e fonográfico ao Museu Diocesano
Dom José deste município, onde foi criada uma Sala em sua homenagem. Na
opinião de Artemísio da Costa, radialista e colunista deste Semanário (Poucas
& Boas), discípulo e amigo do saudoso comunicador, a Câmara de Vereadores e
a Prefeitura de Sobral estão demorando muito a quitar seu débito de
reconhecimento e gratidão para com Jose Maria Soares: “Ao contrário de
alguns sobralenses que têm sido fartamente lembrados e homenageados, alguns
apenas por ter parentesco com políticos, o amigo Zé Maria continua quase em
total esquecimento. É mais que justo perpetuar o nome do célebre comunicador em
um dos logradouros (bairro, avenida, rua ou praça) da terra que ele tanto amou,
defendeu e enalteceu. Detalhe: Que o local que for recebeu seu nome
seja realmente proporcional àquilo que o mestre Zé Maria fez por Sobral. E não
um beco, travessa ou ruela qualquer perdido num bairro qualquer da cidade.
Agora, o problema é aparecer um político que, pelo menos, levante a voz quanto
a esse vergonhoso descaso que já persiste há 10 anos. No espaço de que disponha
na imprensa local e no boca a boca no quotidiano, continuarei fazendo a minha
parte, dando a idéia e cobrando providências a quem de direito. E garanto que
quem aproveitar minha sugestão e torná-la realidade receberá meu total apoio,
meu aplauso e meus agradecimentos”, conclui Artemísio da Costa. Estas e
outras no diário Semanal do Jornal Correio da Semana da cidade de
Sobral-Ceará.
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