“SOS DE NORONHA
PARA O MAR”
Um pequeno país oceânico.
Noronha é assim para o mundo do radioamadorismo - independente do Brasil. O
empresário André Cavalcante Sampaio, 53, é uma espécie de embaixador informal
e, de certa forma, virtual da ilha. A bordo de uma sofisticada estação de radioamador,
ele faz contatos com outros 340 países e é importante suporte de navegadores no
trecho Atlântico Sul. Pela localização privilegiada e potência dos
equipamentos, a estação de Sampaio, em operação conjunta com a Marinha do
Brasil, socorre navios e embarcações em perigo, além de participar de buscas no
mar. ''A ocorrência mais comum é a orientação a barcos estrangeiros'', explica.
Como o maior navio do mundo, um petroleiro norueguês cruzando o Atlântico a
caminho do Golfo Pérsico. ''O comandante não sabia como se aproximar da ilha e
nem eu sabia que o navio era maior que um porta-aviões'', conta. Segundo
Sampaio, de tão grande e pesado, o navio não ficou, como qualquer outro, a
apenas duas milhas da praia, mas a sete milhas. ''Só para se ter uma idéia da
distância, o barco de resgate levou uma hora para chegar até o ponto'', diz.
Mas o primeiro resgate da estação foi em 1987. Do avião Hércules que caiu no
mar com 23 pessoas e a mudança de André Sampaio, junto com os equipamentos que
ele trazia para a ilha. Até o início da década de 80, o abastecimento de
querosene, gasolina, óleo diesel, alimentação, material de construção e até
veículos para a ilha - inclusive o cloro para tornar potável a água doce - era
feito através de corvetas da Marinha do Brasil. Mas um acidente levou para o
fundo do mar a corveta Ipiranga (1983) e o episódio acelerou a substituição do
transporte marítimo pelo aéreo. Em cena, então, os famosos Hércules, um
quadrimotor norte-americano que teve uma participação decisiva na guerra no
Vietnã (anos 60 e início dos anos 70), pousando em pistas esburacadas ou como
canhoneira aérea. Apelidado pela população de Noronha de ''Patinha'', este
avião trazia para a ilha funcionários e material da construtora Queiroz Galvão,
que realizava obras na ilha. Já pronto para pousar no arquipélago, o C-130
mergulhou no mar. ''Provavelmente, falha humana, uma desorientação do piloto ou
ilusão de ótica, quem sabe'', diz Sampaio. Pela sua posição geográfica e sua
origem vulcânica, Noronha tem uma longa história de acidentes, naufrágios,
quedas de avião. Os acidentes mais comuns são com barcos de pesca. Dia e noite,
lá está André, em plantões sem interrupção, durante as operações de salvamento.
Sendo assim, na pequena sala da estação, cama e estrutura de reserva.
Necessários, por exemplo, quando ele teve que se comunicar, a cada duas horas,
com um veleiro belga que quebrou o mastro a 300 milhas do rochedo de
São Pedro e São Paulo, a 600
milhas de Noronha. ''O combustível acabou e o barco
ficou à deriva. A Marinha do Brasil não conseguia comunicação, mas eu consegui
fazer a ponte e ajudar nas buscas. Após três dias, a tripulação foi salva'',
diz. No mar aberto, também no espaço. ''Já falei com várias naves espaciais em
órbita. Na listas, a russa MIR e as americanas Columbia e Atlantis - a primeira
explodiu no início deste ano. Em geral, brevíssimas conversas com os astronautas.
''São saudações e comprimentos pela missão'', diz André. Segundo ele, os
contatos longínquos da estação de Noronha tornaram-no conhecido no mundo.
''Tenho, em meus arquivos, uma coleção do troféu mais cobiçado pelos
radioamadores. Cartões QSL (código que significa confirmação) que confirmam a
comunicação com outras estações e localidades'', diz o bicampeão de contatos
numa espécie de copa do mundo dos radioamadores. (Ariadne Araújo). Fonte:
Jornal O Povo. Estas e outras no diário de
notícia do Pesquisador da Pré-história e Radioamador Célio Cavalcante membro da
ACEJI e do Jornal Circular da cidade de Sobral-Ceará.
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