Com 45 livros publicados sobre genealogia no Ceará, com foco nas raízes
portuguesas de famílias radicadas na região do Vale do Acaraú, ao longo de 45
anos de pesquisa, Assis Arruda nunca havia imaginado que seus estudos
viessem a render bons dividendos. O amor que dedicou ao estudo do tema desde a
época de estudante de pré-vestibular, pelo contrário, gerou despesa, uma vez
que teve de pagar do próprio bolso a publicação de dez livros em papel. Os
outros estão disponíveis na Internet. Assis Arruda estudou, inicialmente,
a ramificação ancestral até a sexta geração da grande maioria das famílias de
Sobral como Ferreira da Ponte, Gomes Parente, Ribeiro da Silva, Ferreira Gomes,
Frotas, Linhares, Arruda e outras. Conforme relata, este passado faz parte da
história de Sobral, povoada por 120 famílias portuguesas, algumas com certeza
de origem judaica vindas de Portugal como cristãos novos. "Sobral é
portuguesa com certeza", afirma o genealogista ao citar o bordão de um
historiador. Hoje, os estudos de Assis Arruda avançaram até a décima-quinta
geração - meados do século XVI -, o que lhe proporciona segurança para vincular
as famílias da Ribeira do Acaraú aos judeus sefarditas. Os descendentes
de modo direto ou indireto de judeus sefardistas, que foram obrigados a deixar
Portugal por motivo da Inquisição, agora têm direito à nacionalidade
portuguesa, informa Assis Arruda. O Parlamento de Portugal aprovou em 27 de
fevereiro de 2015 o Decreto-Lei 30-A, que entrou em vigor em 1º de março do
mesmo ano, que concede o direito à cidadania portuguesa para quem conseguir
provar que descende de judeus sefardistas e dá direito ao passaporte português
da Comunidade Europeia. Também a Espanha aprovou em 2015 Lei de mesmo teor,
que faz uma reparação às perseguições religiosas e injustiças do passado contra
o povo judeu. Por solicitação de um sobralense que descende de judeus
sefardistas, que pretendia obter a cidadania portuguesa com base na Lei 30-A,
Assis Arruda teve de avançar no estudo até a décima-quinta geração e conseguiu
provar com documentação a origem judaica do conterrâneo. Desde então, Assis
Arruda já conseguiu finalizar o levantamento genealógico para mais de 30
pessoas nascidas na região do Vale do Acaraú que conseguiram provar a
descendência de famílias portuguesas de judeus sefardistas e obter a cidadania
portuguesa. Segundo ele, ao chegar ao conhecimento dos ancestrais de 13 ou 15
gerações, a identificação do tronco comum serve para muitas outras famílias que
possuem a mesma descendência. Na sua vida de dedicação à genealogia, Assis
Arruda demonstra o reconhecimento pelo exemplo do seu primo Pedro Arruda,
genealogista, ao qual manifesta gratidão. Segundo ele, o auxílio recebido aos
21 anos do seu parente foi fundamental como incentivo para desenvolver o seu
interesse pelo tema por anos a fim. O conhecimento adquirido veio
lhe proporcionar uma satisfação extra de ver o benefício que seu estudo
trouxe à vida das pessoas, disse ele. Mas nunca sonhava que os anos de
dedicação à genealogia lhe trouxessem recursos adicionais à sua renda
como agrônomo aposentado da Embrapa, pela aplicação que tem dado a este
conhecimento para naturalização portuguesa de descendentes de judeus
sefardistas."É uma alegria ver que o meu trabalho agora contribui
efetivamente para proporcionar à comunidade sefardita do Nordeste, até então no
anonimato, um despertar para uma nova era, o sonho de regressar à Pátria
Mãe", afirma Assis Arruda. O seu tempo agora é dedicado para atender
as demandas que recebe de interessados em comprovar cidadania portuguesa. Para
agilizar a pesquisa e documentação dos casos, buscou parceria em Portugal. O
site do Consulado de Portugal no Rio de Janeiro traz informações sobre o Decreto
30-A, que “veio consagrar a possibilidade de aquisição da nacionalidade
portuguesa, por naturalização, a cidadãos estrangeiros que comprovem ser
descendentes de judeus sefardita. Como é sabido, designam-se de judeus
sefarditas, os judeus descendentes das antigas e tradicionais comunidades
judaicas da Península Ibérica”. Em 1492 - 31 de março - os reis da Espanha
Fernando e Isabel decretam a expulsão de 150 mil judeus em prazo de três meses.
Expulsão ou conversão ao cristianismo. Portugal recebeu parte desta diáspora. O
ano de 1497 foi a data do decreto de conversão forçada dos judeus em Portugal,
pelo rei Dom Manuel I. Muitos migraram para o Brasil. Fonte: Blogger Flamínio Araripe.
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