sexta-feira, 2 de abril de 2010

JORNALISTA ARTEMÍSIO DA COSTA DO JORNAL CORREIO DA SEMANA PRESTA SUA HOMENAGEM A DOIS ÍCONES DA RADIOFONIA SOBRALENSE

José Guajará Gomes de Almeida conhecido popularmente de GUAJARÁ CIALDINI nasceu em Sobral a 26 de março de 1941 e faleceu aos 54 anos no dia 11 de março de 1995 (sábado, às 6h35min), em decorrência de problemas cardíacos, dentre outros. Eram seus pais Mário de Almeida Cialdini e Ana Joaquina Gomes (dona Moreninha). O radialista era casado com Ana Júlia Sobreira Cialdini, com quem teve filhos, dentre os quais Dr. Alexandre Cialdini, Secretário de Finanças do município de Fortaleza (CE). Ingressou no rádio em sua terra, tendo como marca registrada os inúmeros jargões e ditos populares do caboclo sertanejo. Por conta de sua maneira alegre de comunicar, versatilidade e do conhecimento da vida matuta marcou época com o seu “No varandão da Fazenda” na Rádio Tupinambá e “Guajará no varandão” na Educadora. Apresentou, também, Matutino Tupinambá, com diversos parceiros, e “O seu presente é música” somente aos domingos. Após anos de sucesso na radiofonia local transferiu-se para Fortaleza, onde exerceu com o mesmo brilhantismo a profissão que o projetou nacionalmente no estilo. Sua fama se espalhou por serras, sertões e cidades. Segundo o radialista Nonato Braga, quando Guarajá Cialdini visitava outras cidades era recepcionado pelo prefeito e vaqueiros que, em fila, entoavam aboios. Guajará Cialdini foi um boêmio de quem todos gostavam de privar da companhia É autor de tiradas espirituosas, foi um homem polivalente e de raro talento. Quando jovem chegou a tocar bateria, tornando-se, mais tarde, também compositor. Em parceria com Messias Holanda compôs várias canções de sucesso, tais como, Coma ovo; Mulher não paga; Olha o tamanho da bichona; Minina da mala, além de composições feitas com outros músicos. Trabalhou também como bancário em Sobral no extinto Banco da Bahia e, em Fortaleza, no extinto Banco Nacional da Habitação (BNH), onde se aposentou. Em seus últimos dias era líder de audiência na Rádio Assunção Cearense. Ficaram célebres suas frases: “Pra quem gosta, catinga de bode é cheiro”; “Quanto mais o bode empina, mais certa é a martelada”; “São Jorge só tem um, mas cavalo tem aos montes”; “Pau que nasce torto até a cinza é de banda”; “Não pode ir pra festa armado e nem com cacete de lado”; “Arribando o chapéu de couro pra riba, são…”. São coisas nossas coisas do coração e não se pode esquecer. Matias Tobias Alves conhecido como TOBIAS ALVES nasceu em Várzea Redonda, distrito de Sobral, no dia 22 de fevereiro de 1932 e faleceu numa segunda-feira, às 14h05, do dia 13 de março de 1995, também vítima de problemas cardíacos. Eram seus pais Inácia Maria dos Santos e João Raimundo Farrapo. O radialista era casado com Regina Andrade de Aguiar Alves, com quem teve os filhos: Regina, Tobias Filho, Cláudia Silvana e Raimundo Inácio Aguiar Alves (jornalista). Profundamente dedicado a Sobral, Tobias Alves sempre optou por fazer rádio em sua terra. Notabilizou-se pela maneira especial com que apresentava seus programas matutos, utilizando-se sempre da rima em qualquer assunto ou ocasião. Com os programas “Festa no sertão”, na extinta Rádio Iracema de Sobral, e “No terreiro da casa grande”, na Educadora, nosso rimador deixou registrada sua marca de autêntico amante e defensor das coisas do sertão. Com o mesmo fôlego, foi também apreciador e divulgador da mais pura MPB saudosista, mantendo, inclusive, o programa “Música, saudade e poesia” na Rádio Educadora até bem próximo da data da sua morte. Era muito alegre, comunicativo, boêmio moderado e com uma preocupação que não conseguia disfarçar: a situação de decadência do rádio como formador de opinião pública. Reprovava veementemente a presença de maus profissionais e a falta de providências a fim de que houvesse um basta ou a inversão desse lamentável quadro. Teve, por duas ocasiões, passagem pelo legislativo de Sobral e também mantinha estabelecimento comercial (armazém) na Rua Floriano Peixoto. Suas rimas no programa matuto, bem como sua poesia e o bom gosto musical no de saudade, jamais se nos apagarão da lembrança. Também são coisas do coração e não se esquece jamais. GUAJARÁ E TOBIAS – Dois grandes profissionais que exaltaram nossos valores, que encantaram nosso povo com seus estilos e que fizeram bom uso do microfone. Além da saudade deles, assalta-nos, ainda, o temor por conta da diminuição dos que defendem fielmente nossas raízes; assusta-nos, também, o aumento dos pseudodefensores do sertão e das suas coisas que continuam a agir mais livremente e, acima de tudo, preocupa-nos o fato de ser extremamente pequeno o número dos que combatem isso. Por outro lado, alegramo-nos porque o trabalho incansável desenvolvido pelo GUAJARÀ e pelo TOBIAS continua estimulando, inegavelmente, os que ficaram com a responsabilidade de continuar a luta pela preservação da cultura popular. A história de Guajará e Tobias conforta-nos, porque a semente por eles plantada já começa a dar frutos, mesmo que lentamente. E fica a lição de que, usando a mesma fidelidade à comunicação de qualidade e o mesmo amor com que eles tanto trabalharam, faremos surgir muitos outros GUAJARÁS e TOBIAS. Assim, nossa cultura estará salva e preservada. Para os sobralenses e, em especial, para a ala da radiofonia que não desiste de lutar pelas nossas raízes, aquele março de 1995 foi de dor e de extrema angústia pelas perdas irreparáveis desses dois talentos. E, como a festa no sertão tem de continuar, resta aos que fazemos a imprensa falada e escrita seguir as pegadas dos companheiros que partiram; conferir-lhes o merecido tributo e respeito; e, a todo custo, redobrar as forças para continuar defendendo as coisas nossas até que chegue o momento de também irmos… ARRIBANDO. Fonte: http://jornalcorreiodasemana.wordpress.com/

Um comentário:

  1. MEU CARO CÉLIO CAVALCANTE, SOU FILHO DE ARACATIAÇÚ - SOBRAL E MORO EM FORTALEZA. QUANDO CRIANÇA EM MEU SERTÃO NA CASA DE MEUS PAIS,PELA MINHA POUCA IDADE NA ÉPOCA, TENHO POUCAS LEMBRANÇAS DE GUAJARÁ CIALDINI, MAS OUVIA FALAR EM SUA FAMA, JÁ TOBIAS ALVES OUVIA MUITO TODAS AS NOITES COM O SEU INIMITÁVEL "TERREIRO DA CASA GRANDE"... "VAAAII BOIADEEIRO QUE ANOITE JÁ VEEEM... LEVA O SEU GADO E VAI PRA BANDA DO SEU BEM" QUE SAUDADE...!!!!!! ERA UM PROGRAMA COM UMA ELEVADA AUTENTICIDADE MUITO GRANDE E QUE HOJE SÓ NOS RESTA É A SAUDADE, O ÓTIMO TRABALHO E O GRANDE BOM GOSTO QUE VOCÊ TEVE POR LEMBRAR DESSES DOIS CÉLEBRES DA CULTURA E DA RADIOFONIA CEARENSE. VALEU! Por Veras Gonçalves - Radialista e Policial. (veras.goncalves@hotmail.com)

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