Jornal Diário do Nordeste traz na suas páginas um marco da paleontologia cearense na cidade de Itapipoca com a expedição feita pelo museu nacional que completa 50 anos – Maiores informações no site abaixo:
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Expedição feita pelo Museu Nacional completa 50 anos
Para averiguar relatos de ossadas pré-históricas, o Museu Nacional do Rio de Janeiro enviou para Itapipoca, em 1961, os paleontólogos Carlos Couto e Fausto Luiz.
FRANCISCO CUNHA, FRANCISCO ALENCAR E CARLOS COUTO
A dupla se deparou com um rico material paleontológico e coletaram mais de três mil peças
Itapipoca - A expedição do Museu Nacional do Rio de Janeiro a este Município completa cinco décadas. Realizada entre 1961 e 1962, a expedição consistiu em um marco para as pesquisas de Paleontologia em Itapipoca. “Para se ter uma ideia, já se passaram 50 anos e, até hoje, o material que foi recolhido, fósseis da megafauna pré-histórica, está depositado no Museu Nacional, que é sediado no Rio de Janeiro”, revela o diretor do Museu da Pré-História de Itapipoca (Muphi), Sílvio Teixeira. E ele comemora algo mais. “Todo esse material até hoje tem servido para fazer trabalho de universitários nas áreas de Biologia, de Paleontologia, de História e de Arqueologia”. Teixeira ressalta que o Muphi recebe estudantes vindos da Universidade Federal do Rio de Janeiro e de outras instituições cariocas. “Aqui eles vêm fazer publicações com este material riquíssimo de história. Eles pegam a coleção lá do Museu Nacional e vêm fazer comparações com a nossa aqui de Itapipoca, que deve girar em torno de dez mil fósseis. E o que foi levado daqui até o Rio de Janeiro foi em torno de três mil peças”, salienta. O material, além de criar uma ponte entre estes estudantes dos dois estados, teve grande importância para as pesquisas feitas no período. “Na década de 1950, o Museu Nacional praticamente era a única instituição científica no Brasil que possuía uma equipe de pesquisadores em Paleontologia devidamente qualificada e equipada, não só de paleovertebrados, mas também de invertebrados e vegetais fósseis”, relata o artigo científico “Paleontologia: Cenários de Vida”, dos pesquisadores Celso Lira Ximenes e Sílvio Teixeira, apresentado em 2011 no Congresso Brasileiro de Paleontologia. O artigo científico destaca a conjuntura histórica daquele período. “Neste contexto, pessoas leigas e administradores públicos de todo o Brasil recorriam a essa instituição para informar descobertas ocasionais e ocorrências regionais de fósseis. Seguindo este padrão, em 1953, chega ao Museu Nacional uma carta escrita por um cidadão comum de Itapipoca, o então jovem José Paurilo Barroso, falando sobre grandes ossadas pré-históricas”, relata o documento. Para averiguar a ocorrência, o Museu Nacional enviou a Itapipoca, em 1961, os paleontólogos Carlos de Paula Couto e Fausto Luiz de Souza Cunha, para uma campanha de campo que durou 44 dias. Somente depois de mais de 40 anos da expedição do Museu Nacional, o paleontólogo Celso Ximenes retomou as pesquisas em Itapipoca. “E, após a primeira eleição do atual prefeito, o João Barroso, ele criou o Museu local, por meio da Lei 52/2005. E desde então, a gente vem fazendo trabalhos nas áreas tanto de Paleontologia como também de Arqueologia”, informa Sílvio Teixeira. Sítio Histórico - Itapipoca como um todo tem se mostrado um grande sítio histórico. “Nós temos aqui praia, serra e sertão. E, nessas três regiões geográficas, nós encontramos materiais fósseis e material arqueológico”, ilustra. Ainda há fósseis nos tanques de Itapipoca. Na última escavação, feita em 2005, foram recolhidas cinco mil peças de dentro do tanque Jirau I e os pesquisadores acreditam que não tiraram nem 10% do material que tem ali. “Só nesse tanque Jirau I, a perspectiva é de 100 mil peças lá dentro. E como esse do Jirau, existem vários”, diz Teixeira. Mas o diretor do Muphi faz uma ressalva. “Normalmente as pessoas confundem Paleontologia e Arqueologia. Na verdade, a Paleontologia é a ciência que estuda os restos de animais e plantas que viveram no passado, que são os fósseis. E a Arqueologia estuda as produções humanas”. Em Itapipoca, tem se constatado uma Arqueologia das mais modernas – se é que se permite esse trocadilho. “A gente tem encontrado peças feitas de pedra lascada, sílex e de quartzo lascado dentro dos tanques juntos dos fósseis, o que leva a idade da chegada do homem aí por perto dos seus seis mil anos aqui nessa região”, destaca. É em cima desses achados que o Muphi está debruçando seus atuais estudos. FIQUE POR DENTRO - Cidade possui vasto material pré-histórico. Além da Paleontologia, Itapipoca reúne rico acervo arqueológico. Na região, as nações nativas deixaram registrada sua passagem através de pinturas rupestres da tradição nordestina. São desenhos elaborados de zoomorfos, antropomorfo e grafismos puros. Essas pinturas estão espalhadas na região serrana de Itapipoca na localidade de Arara, onde existem alguns abrigos sob rocha e matações. Também em Arara, nasce o Rio Sororô, onde há a Pedra Ferrada. Este é o sítio com pintura rupestre mais conhecido de Itapipoca. O local, que possui vários painéis, deve ter servido como ponto de observação aos paleoíndios. Pesquisadores já realizaram estudos que colocaram, segundo Studart Filho, aquelas pinturas entre as mais antigas já encontradas no Estado. Existem ainda sítios arqueológicos dunares pré-históricos que apresentam cerâmica pintada Tupi, artefatos de pedra lascada e polida, malacológicos e restos alimentares. Há também sítios arqueológicos que revelam o momento em que os colonizadores mantiveram os primeiros contatos com os nativos em Itapipoca. Dados extraídos do livro “Caminhos da Megafauna” Mais informações - Museu de Pré-História de Itapipoca, Shopping Clacita - Rua Eubia Barroso, 2959 – Sala 15 Centro de Itapipoca. Telefone: (88) 9274.9161. Por LAURIBERTO BRAGA REPÓRTER DO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE. Estas e outras no diário de notícia do pesquisador da Pré-história Célio Cavalcante, membro do Conselho Consultivo do Centro Brasiliero de Arqueologia-CBA e Correspondente da Sociedade Paraibana de Arqueologia-SPA.
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