EXPOSIÇÃO APRESENTA
ACERVO ARQUEOLÓGICO RENOVADO NA CASA DO CAPITÃO-MOR
Desde
a antiguidade a história da humanidade é contada por meio de objetos ou
artefatos que unem o passado e o presente relatando a trajetória de um povo. Em
Sobral, este processo vem sendo contado pela Casa do Capitão–Mor, que está com
exposição aberta para visitação das novas peças que compõem seu rico acervo
arqueológico. Os artefatos, que tiveram sua origem a partir do processo de
escavações do subsolo, realizadas na própria casa, no ano de 2000, além de
ajudar a resgatar e descrever a memória dos habitantes da região,
possibilitaram a restauração do imóvel construído no século XVII, conforme
explicou Neyci Kele Sotero, responsável pelas ações educativas do centro. “Após
o tombamento do centro histórico de Sobral, em agosto de 1999, alguns
monumentos de relevância histórica da cidade foram revitalizados em parceria
com a prefeitura e o Iphan e, nesse contexto, a Casa do Capitão-Mor que, em sua
última ocupação tinha tido sua estrutura modificada, passou por um processo de
escavação que teve como objetivo tentar revitalizar a casa como um dos locais
mais antigos pertencentes ao município e, durante as escavações, foram
encontrados os objetos que ajudam a contar a história do desenvolvimento urbano
da cidade,” informou Neyci Sotero. Ainda de acordo com ela, a exposição do
material segue uma ordem cronológica, ou seja, que remonta a ordem dos
acontecimentos desde o século XVIII até a década de 70. “A forma como os
objetos estão dispostos se baseia das ocupações mais antigas para as mais
recentes e, assim sendo, os achados arqueológicos ficam expostos de maneira que
os visitantes possam conhecer e entender não apenas a evolução de Sobral
através dos objetos, mas também a edificação e reconstrução da casa,”
cientificou ela. Dentre os vários artefatos que compõem o acervo da mostra
estão fragmentos de materiais, como tijolos de cerâmica, panelas, moringas,
cachimbos, armadores de rede, frascos de perfumes, tinteiros e artigos de
louças, como pratos decorados de porcelana, estes de origem inglesa e
portuguesa, o que denotava o poder aquisitivo de seus proprietários. Durante a
visitação também é possível conferir registros fotográficos das escavações
realizadas nos painéis expostos nas paredes do centro. Sobre a importância da
descoberta das peças, bem como o objetivo da exposição disponível a visitas, o
coordenador da Casa, Edilberto Florêncio dos Santos, destacou: “a proposição
deste acervo arqueológico tem como sentido contar a história da cidade de uma
outra forma. Esse material , que para muitos seria lixo descartado ao longo do
tempo e que se acumulou pelo subsolo da cidade, conta um pouco desse passado
que, as vezes, não está tão evidente e expõe o período de formação deste
município. Portanto, a pretensão é que a partir da exposição se possa discutir
como era a vida das pessoas que habitavam essa região de Sobral, desde as que
usavam louça importada, até um vidro de remédio e, assim, dar rotatividade aos
objetos expostos,” informou ele. Em relação ao valor que a Casa do Capitão-Mor
tem, não somente para a cidade, mas para o processo de conhecimento e
descoberta da história de Sobral, Edilberto dos Santos ressaltou que a
edificação serve muito mais do que referencial. “A referência da casa, que não
é tão grande enquanto espaço físico, é promover uma discussão do surgimento de
Sobral, uma vez que a casa está inserida no primeiro núcleo de formação do que
representa Sobral hoje, assim como desenvolver conhecimento nas atividades de
educação que integram o patrimônio imaterial ou arqueológico da cidade para os
mais diversos públicos.” Concluiu. Um pouco mais da história da Casa - A edificação que foi
aberta ao público em 2007 e oferece visitação gratuita e diária, encontra-se no
núcleo que deu origem à cidade de Sobral, e é uma das mais antigas casas da
cidade. A residência pertenceu ao Capitão-Mor José Xerez de Furna Uchoa, provavelmente
foi erguida em 1772, e embora esta não fosse sua residência principal,
pois sua morada oficial era no Sitio Santa Ursula, na Meruoca, servia de
apoio nas suas vindas para Sobral. José Xerez foi vereador da primeira Câmara
da Vila Distinta e Real de Sobral e Juiz de Órfãos. Ao visitar a França,
recebeu do Duque de Choiseul mudas de café que trouxe e plantou em seu sítio.
Maria Thomazia, bisneta, recebeu grande destaque em todo o Ceará ao tornar-se a
presidenta da Sociedade das Senhoras Libertadoras do Ceará, instituição que
lutou pela abolição da escravatura do Ceará. Escavações - As escavações foram feitas pela equipe da
Casa do Capitão-Mor, sob a supervisão do antropólogo Agnelo Queiroz, membro da
equipe do Programa de Arqueologia Preventiva, que vem realizando atividades e
pesquisas arqueológicas na área do Centro Histórico da cidade de Sobral. Casa do Capitão-Mor - A Casa do Capitão-Mor está localizada na Rua
Randal Pompeu, 145, Centro (ao lado da Igreja da Sé). O horário de visitação é
de Segunda a sexta-feira das 8h às 12h e das 14h às 18h. Contato e agendamento
de grupos podem ser feitos através dos números (88) 3611-6599 ou
3611- 1236, ou ainda pelo e-mail: casadocapitaomor.sobral@gmail.com
- Rayanne Colares. jornal@sobralnews.com.br - Fonte Jornal Sobral News – Estas e outras
no diário de notícia do Pesquisador da Pré-história Célio Cavalcante, membro
correspondente da Sociedade Paraibana de Arqueologia-SPA e do Jornal O Circular
da cidade de Sobral-Ceará.
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