A história de Forquilha e particularmente
da Paróquia de São Francisco tem sua origem mais imediata na Comunidade de
Campo Novo, ao redor da capela de São Francisco, ali construída entre os anos
de 1884 e 1885, durante o paroquiato do Pe Vicente Jorge de Souza, nas terras
doadas pelo Sr. Francisco Alves da Fonseca e com a contribuição do povo da
região. À sombra daquela capelinha, veio a se formar um pequenino povoado, como
sói acontecer por quase toda parte. Deste modo, o pequeno templo tornou-se o
centro religioso da região, facilitando a assistência religiosa aos habitantes
do lugar, que não mais precisavam se deslocar para Sobral ou para Groaíras. Ali
era comum se reunir multidões, especialmente por ocasião da festa do padroeiro,
São Francisco. Neste período, eram muitas as famílias que ali se congregavam
para as procissões, pagar promessas, batizar e casar seus filhos, celebrar as
novenas e as missas e participar das quermesses. Tudo isso perdurou por cerca
de 50 anos, mais precisamente até 1928, visto que no ano seguinte se deu a
primeira represa das águas do açude recém-construído. Com a construção do Açude
Forquilha, tanto a capela como o cemitério foram “afogados” no seu leito. Com a
desativação da capelinha, o povoado foi pouco a pouco abandonado por grande
parte dos seus antigos moradores que procuraram fixar-se nas terras próximas da
nova barragem. Nunca, porém, ficou completamente desabitado, pois a partir
daqueles que resistiram e ali permaneceram apesar de todos estes fatos, a
comunidade foi se reorganizando e pouco a pouco crescendo, de modo que hoje
moram na comunidade do Campo Novo quase duzentas famílias. Como é de se
imaginar, não obstante os benefícios proporcionados pela construção do açude, o
desaparecimento da capelinha e do cemitério causou certa consternação naquela
gente, tanto por causa da desativação da capelinha já tão querida pelo povo da
região, quanto por conta dos seus entes queridos ali sepultados. Na realidade,
ainda hoje, nos anos escassos de chuva, quando o nível das águas baixa, é
possível ver, como testemunhas da própria história, as ruínas de alguns túmulos
do antigo cemitério e a base do velho cruzeiro erguido ao lado do pequenino
templo, visão esta que enche a vista de saudade e o coração de comoção. Daria
pra ver também os restos da igrejinha, se não tivessem ordenado a demolição
completa das suas ruínas. É bem verdade que tudo foi feito com vistas ao
beneficiamento da população e que tanto a capela quanto o cemitério foram
devidamente indenizados, mas não deixa de ser igualmente verdadeiro o fato de
que do ponto de vista histórico e religioso restou para a comunidade um grande
prejuízo, visto que ali, submerso nas águas do açude, ficou sepultado um momento
importante da sua história. Conscientes disso e reconhecendo o valor das raízes
históricas e religiosas na vida de um povo, estamos resgatando junto aos
moradores do Campo Novo e da comunidade forquilhense a consciência da
importância de conhecer bem as suas raízes para a formação da sua identidade e
de conservar a memória da sua gente, dos seus antepassados, da sua cultura,
enfim, da sua história. Com este propósito, a Comissão do Tombo e do Arquivo
histórico paroquial, composta pelo Pe Agnaldo Silveira, e dos historiadores
Jeta Loiola, Joab Aragão, Célio Cavalcante, Vilma Dias, Bárbara Rodrigues, estes aproveitando a
baixa das águas do açude, estiveram nesta última quarta feira, dia 06 de março, visitando
as ruínas do cemitério e da Capelinha do Campo Novo. Nesta visita, contamos com
a condução de alguns moradores da circunvizinhança da localidade de Campo Novo nas pessoas de Francisco Rodrigues de Melo, Walto Loiola e da fotógrafa guia turística Valcheia Siqueira da Silva. Foi um momento emocionante: primeiramente, silenciamos diante daquele
quadro e, comovidos, dirigimos a Deus uma oração pelo povo que viveu naquele
pedaço de chão, particularmente, pelos que ali estão sepultados; em seguida
contemplamos tudo com atenção e fizemos os devidos registros fotográficos, sem
deixar de lamentar o fato de que aos poucos uma parte da nossa história vai
desaparecendo... Terminada a visita, combinamos de retornar em breve para fazer
um estudo mais aprofundado do terreno e tentar descobrir os alicerces da velha
capelinha e traçar estratégias de conservação deste patrimônio histórico. Para
este outro momento, contaremos com a participação de alguns moradores do Campo
Novo e de alguns jovens que apreciam a história e os valores da nossa gente e
da nossa cultura. Matéria redigida pelo Pároco Agnaldo Timóteo da Silveira da matriz de São Francisco de Assis de Forquilha para postagem neste noticioso do Pesquisador da Pré-história Célio Cavalcante, membro correspondente da ACEJI e do Jornal O Circular da cidade de Sobral-Ceará.
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