Antônio Fernandes Viana
nasceu no dia 17 de agosto de 1893, em Acaraú (CE), sendo filho de Francisco
Fernandes Viana e Rita Rodrigues Carneiro. Fez seus estudos iniciais com a tia-avó
Leonília Viana de Freitas, conhecida educadora daquela região. Ficou órfão
muito cedo, indo morar com os tios e, em seguida, veio residir em Forquilha
(CE), àquela época distrito de Sobral (CE). Apesar de ter freqüentado a escola
pouco tempo, conseguiu ampliar seus conhecimentos por ser um autêntico
autodidata. Seu amor às letras o tornou um leitor inveterado, chegando a ler
Machado de Assis, José de Alencar, Câmara Cascudo, Monteiro Lobato, obras como
a Bíblia Sagrada e outras, além de livros didáticos, revistas e jornais que
encontrava pela frente. Era também aficionado por Matemática, o que se
comprovava pela destreza com que fazia contas e cálculos mais complicados. De
tanto ler transformou-se um grande contador de histórias, principalmente para
os netos e demais familiares. Através da leitura se mantinha atualizado com o
que ocorria no País e restante do mundo. Em 18 de fevereiro de 1928 Antônio
Viana casou-se na catedral de Sobral com Maria Ximenes Viana, filha de Antônio
Fausto Loiola e Maria Ximenes Melo. O casal teve os filhos Zuleika, Zilmar e
Francisco. A esposa Maria faleceu em 26 de junho de 1999, em Sobral, sendo
sepultada no mesmo túmulo onde já repousava o esposo. Seu Viana, como era conhecido,
começou a vida profissional ensinando no curso Primário em Forquilha. Depois de
alguns anos encerrou a carreira de professor e estabeleceu-se no ramo de
cereais. Também atuou como delegado de polícia, prestando inestimáveis serviços
à comunidade forquilhense. Nessa última atividade, norteou-se sempre pelos
ditames da justiça e suas ações demonstravam que era amante da paz e da não
violência. Tempos depois, transferiu-se com a família para Jaibaras, também
distrito sobralense, deixando a família em Sobral. Foi gerenciar um armazém de
secos e molhados para atender os funcionários que trabalhavam no início da
construção do açude Ayres de Sousa (Jaibaras). Atendendo um convite do seu
irmão, Cristiano Carneiro, morou em Parnaíba (PI) e lá trabalhou num grande
magazine. Por motivos de doença na família retornou a Sobral, empregando-se na
empresa do seu sobrinho, Chico Dias, na função de caixeiro-viajante. Viajou
durante anos por toda zona norte do Ceará e em parte do Piauí. Também atuou em
outras firmas sobralenses, como João Nogueira Adeodato e Casa Quirino Rodrigues.
Por último, ingressou no serviço público municipal, tendo-se aposentado como
Fiscal Geral, o maior posto entre os fiscais na época. Seu Viana era um homem
simples, honesto, trabalhador, humilde e extremamente caridoso até com os
animais, a quem muito admirava. Era notadamente hospitaleiro e nas viagens de
trem pelo interior sempre convidava pessoas sem condições para visitarem sua
residência em Sobral. Com todo prazer as acolhia, mesmo sob protestos da esposa
que temia por não saber a origem e intenções do hóspede. Tinha como passatempo
predileto jogar baralho na casa de amigos. Para tanto, freqüentava assiduamente
a residência de Paulo Aragão, Luís Fonteles, Ubaldo Solon, Nestor Cordeiro, irmãs
Isaly e Edite Gondim Lins e outros. Visitava diariamente o Beco do Cotovelo
para se inteirar das novidades. Gostava de exercitar a imaginação praticando
origami (arte tradicional japonesa do papel dobrado). Chegava a produzir grande
variedade de objetos, incluindo balões, que ele também soltava nas festas
juninas. Quando jovem tinha bela voz e gostava de cantar acompanhado de violão.
Católico fervoroso, seu Viana era assíduo participante dos eventos da Igreja,
com os quais contribuía dentro de suas possibilidades. Em 18 de fevereiro
de 1978, Maria e Antônio Viana festejaram as Bodas de Ouro com missa na Capela
do Abrigo Sagrado Coração de Jesus, concelebrada pelos sacerdotes Mons. Arnóbio
Andrade, Mons. Sabino Loiola, Côn. Egberto Rodrigues e outros, sob a presidência
de Dom Walfrido Teixeira Vieira, então Bispo da Diocese de Sobral. Sobre seu
espírito caritativo, familiares relembram o caso de um pedreiro que seu Viana contratou
para um trabalho em sua casa. Muito pobre, o trabalhador só aparecia com a
mesma camisa, já velha e surrada. Cientificando-se da falta de condições do
operário, Viana foi até seu guarda-roupa e doou uma das suas melhores camisas,
sob a recomendação: “não mostre a ninguém daqui, pois é nova e vão me
reclamar”. O pedreiro vibrou de alegria e obedeceu à ordem. E os familiares
ficaram se interrogando sobre o paradeiro de tal camisa. Pouco tempo depois,
mais precisamente no dia 02 de março de 1978, Antônio Fernandes Viana faleceu
aos 84 anos de idade, vítima de um infarto fulminante. Antes disso, realizou
seu desejo de confessar-se, comungar e receber a extrema-unção. Foi sepultado
no cemitério São José desta cidade. Quando do seu velório, o velho pedreiro
veio trazer suas condolências aos familiares de Antônio Viana. Vestido como o
simples mas valioso presente do amigo, passou a narrar como foi a doação. Isso
emocionou muito os filhos e demais familiares, que choraram abraçados àquela
camisa que era “a cara do pai Viana”. Gestos assim, de desprendimento de coisa
materiais, de caridade e de fé foram os principais legados que Antônio
Fernandes Viana deixou para seus descendentes. Matéria do Jornal Correio da
Semana coluna “Cantinho da Saudade” de THIAGO
ALVES – Estas e outras no
diário de notícia do Pesquisador da Pré-história Célio Cavalcante membro
correspondente da ACEJI e do Jornal Circular da cidade de Sobral-Ceará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário