Ontem
(25/07), familiares, amigos e fãs relembraram o décimo - primeiro ano da
partida de Pedro Lavandeira. Foi um cantor compositor popular que marcou época
em Sobral, principalmente por suas criações ligadas às campanhas políticas. O
saudoso artista já foi contemplado pela Coluna no ano passado. Mas a pedido de
muitos dos seus admiradores aqui residentes e em outros recantos do País o
texto será republicado. O apelido Lavandeira pelo qual ele ficou conhecido está
ligado a um pássaro da região. E a vocação de Pedro era mesmo cantar. E como
ele cantava! Refiro-me a Pedro Oliveira Filho (foto), popularmente conhecido
como Pedro Lavandeira, o grande cantor sobralense de forrós e compositor de
inesquecíveis paródias políticas. O apelido é herança do seu bisavô que, por
ter sido pescador no rio Jaibaras, recebeu o nome do pássaro chamado
Lavandeira, que passa grande parte do tempo à beira d´água. Filho de José Pedro
de Oliveira e Maria Nazaré Martins, Pedro Lavandeira nasceu na Rua da Lama,
Alto da Expectativa, em Sobral (CE), no dia 26 de novembro de 1935. Estudou até
a 4ª Série do antigo curso Primário, mas desde criança já fazia pagode batendo
numa lata. Segundo ele, eis um fato de sua vida que achava muito curioso: todas as vezes que ia
aprender a tocar um instrumento acontecia algo que o impedia de continuar. Por conta
disso, tornou-se apenas ritmista ou percussionista, além de cantar, o que fazia
desde oito anos de idade Pedro Lavandeira começou a cantar profissionalmente em
Sobral, tendo como colegas de ofício Zé Burdão, Raimundo Pedro, Zé Café, João
Paraibano, entre outros. Mas seu maior parceiro foi mesmo seu compadre Gerardo
Ferreira, saudoso grande sanfoneiro da região, com quem passou quarenta e dois anos cantando. “Eu sou mais de
parodiar do que de compor músicas, pois tenho um compadre que já compôs umas
quinhentas, mas nenhuma foi gravada por ninguém, o que me tira a motivação de
compor”, desabafava o artista. Mesmo assim, Pedro recebia convites e mais
convites para compor. Fez paródias desde 1962, sempre em campanhas políticas,
como a histórica de Jerônimo Prado e Cesário Barreto. Segundo o compositor, a
que fez mais sucesso foi a que tem como refrão “Vai, vai, vai, ninguém segura
não/O prefeito é o José Prado/Ganha disparado essa eleição”.Sempre despontando
por sua inteligência e afinação, chegou a participar de um concurso de música
no Clube Artístico Sobralense, promovido pela Ordem dos Músicos, tendo
conquistado o primeiro lugar Além da música, Pedro Lavandeira também se
sobressaiu como exímio jogador de futebol em times da periferia de Sobral, tais
como, Cruzeiro, Uruguai, Pirambu, Fluminense, Madureira, Flamengo e Guarany. E
sempre jogando em quaisquer que
fossem as posições exigidas pela ocasião. Indagado sobre a origem da sua grande
amizade com o ex-prefeito José Parente Prado, Pedro Lavandeira recordava com
carinho e saudade: “Havia na Praça São João um barzinho muito freqüentado, cujo
dono possuía muitos animais silvestres. Quando eu ia chegando lá, vi um rapaz
se destacando dos demais, por seu jeito carismático e pagando pra todo mundo...
Quando eu já estava em casa, Gerardo Ferreira veio me chamar para cantar numa
seresta em Chaval, para o Zé Prado. No trajeto o contratante nos tratou muito
bem e foi daí que passei a
conhecê-lo”. E continuava
Pedro, “...Naquela época eu ia cantar na campanha do Cesário Barreto, mas
quando soube da candidatura do Sr. Jerônimo Prado, e que este era o pai do Zé
Prado, resolvi desistir do primeiro patrão”. E amizade entre ambos cresceu
tanto que terminaram se tornarem compadres. Por intermédio de Zé Prado,
Lavandeira conheceu muitos políticos ilustres, como Dr. Lúcio Alcântara, Gen.
Josias F. Gomes, Pe. José Palhano de Sabóia, Pe. José Linhares Ponte, Paulo
Lustosa da Costa e muitos outros.
Com quase três décadas de amizade e que acompanhava politicamente a família
Prado o parodista afirmava com convicção: “Até meus últimos dias de vida
estarei sempre com eles. Já preparei belas paródias para o Marco Prado e estou
pronto para cantar”. Sempre sorridente educado e prestativo, nos últimos anos o
popularíssimo cantor e compositor sobralense atuava como funcionário da agência
do Ministério do Trabalho nesta cidade. Lá gozava do respeito e da admiração de
todos os servidores, bem como de
quem acorria àquela repartição pública. Pedro Lavandeira era casado com Maria
do Socorro de Souza Oliveira, atualmente falecida, com quem teve 11 filhos.
Dizia Pedro: “Um coral já está no céu, mas os outros quatro artistas ainda
estão comigo na terra: Francisco José, Sebastião, Mariluce e Francisco Gérson”.
Pedro de Oliveira Filho, o Pedro Lavandeira, morreu aos 68 anos, no dia 25 de
julho de 2003, às 20h, na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, em decorrência
de problema de coagulação em sua circulação sanguínea. Com acompanhamento de
uma multidão de familiares, fãs e amigos, seu corpo foi levado ao cemitério São
Francisco, no bairro do Junco, e sepultado no mesmo túmulo do seu grande amigo
e compadre José Parente Prado. Fonte da matéria no periódico: http://jornalcorreiodasemana.com/css/index.php/cantinho-da-saudade/3565-pedro-lavandeira
- Estas e outras no diário de notícia do
Pesquisador da Pré-história Célio Cavalcante membro correspondente da ACEJI e
do Jornal Circular da cidade de Sobral-Ceará.
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