Nesta região, a essência do jornalismo combativo, audaz e
valente do século passado é representada pelo trio Vicente Loyola Deolindo
Barreto e Cordeiro de Andrade. Com muita justiça, Loyola é considerado por
vários estudiosos o maior jornalista interiorano do Estado do Ceará. Vicente
Loyola nasceu na Fazenda Tamanduá, em Forquilha (CE), a 11 de agosto de 1873,
sendo seus pais Severiano Alves de Loyola e Vicência Amélia Alves Loyola. Freqüentou
a escola por muito pouco tempo, tendo nela estudado somente o suficiente para
aprender o alfabeto e fazer algumas continhas. Muito inteligente e vontadoso
foi tentando aprender de tudo, tornando-se um extraordinário autodidata que
acumulou razoável cultura. Logo cedo, ainda menino, teve de transferir-se para
Sobral a fim de arranjar meios para ter uma sobrevivência mais confortável,
indo trabalhar no comércio. A princípio trabalhou na firma Esperidião Sabóia de
Albuquerque, como auxiliar de escritório. Nas horas de folga tentava ler livros
e jornais, passando a observar as notícias e a sentir repulsa dos atos abusivos
de que tomava conhecimento. Em seguida, foi trabalhar com o Cel. Antônio
Regino do Amaral e, por último, Vicente Loyola prestou serviço no armazém da
empresa José Figueira de Sabóia & Cia., onde permaneceu por muitos anos. Avivando-se
gradativamente seu gosto pelas letras e pelo jornalismo, Vicente Loyola travou
amizade com Antenor Cavalcante, filho de José Vicente Franca Cavalcante,
redator e proprietário do Jornal “A Ordem”. Através dessa amizade Loyola passou
a escrever, nas horas de folga, algumas notícias. Após esse treino, tomou gosto
de vez pelo jornalismo, deixou o comércio e entregou-se de corpo e alma à nova
profissão. Tempos depois, sentindo necessidade de uma companheira, em 18 de
maio de 1899, aos 26 anos, Vicente Loyola casou-se Floresmina Cândido Aguiar,
com quem teve três filhos. Em pouco tempo, de desconhecido noticiarista passou
a colaborar nos jornais sobralenses A Cidade, Itacolomy e Correio de Sobral.
Este noticioso era editado na mesma oficina de A Quinzena, jornalzinho de sua
propriedade. Insatisfeito, Vicente Loyola deixou o Correio de Sobral e
correu atrás do grande sonho, que era ter seu próprio jornal, em tamanho que
pudesse competir com os demais. Com muitos esforços e muita economia, em 20 de
abril de 1907 fundou o “Rebate”, circulando seu primeiro número em 21 de abril
daquele ano. O Rebate fez história durante doze anos, extinguindo-se em 02 de
novembro de 1919, com a morte do seu diretor e proprietário. Apesar de ter sido
um homem de saúde debilitada, Vicente Loyola fez história como jornalista
vibrante, combativo, sempre escrevendo artigos violentos, mas com muita clareza
e beleza de estilo. Por causa do seu destemor, explicitado através dos seus
artigos contra inimigos, e por não silenciar diante de arbitrariedades, Loyola
talvez tenha passado pelo maior vexame e humilhação da sua vida: foi processado
a título de vingança dos inimigos. Mesmo fazendo parte do andamento do
processo, num flagrante abuso de autoridade, o Juiz da época (Dr. José Sabóia
de Albuquerque) ignorou um atestado médico e obrigou Vicente Loyola a vir depor
no Fórum. Aproveitando a oportunidade, usou sua inteligência para provocar
comoção e revolta na população indo ao Fórum conduzido dentro de uma rede. Tão
logo retornou para sua residência, Vicente Loyola, indignado, relatou num
artigo a humilhação sofrida. Inúmeros foram os contratempos, os desgostos por
que passou e as ameaças dos inimigos a quem atacava. Em um artigo, escreveu
Vicente Loyola: “Desilusões - conto-as por minutos. Decepções – registro-as por
segundo. Mas nem estas nem aquelas conseguiram ainda me afastar uma linha da
senda que tracei”. Noutra ocasião, Loyola escreveu: “Sei ser a pena um
instrumento de aparência tão frágil, mas que quando manejada com sinceridade e
convicção, muitas vezes há conseguido derrocar troncos, dissolver tiranias,
revolucionar povos inteiros e arremessar contra a tirania que os ameaçava,
fazendo-a ruir no pó, esmagada ao direito da força, a que a força do Direito se
negara a servir de ponto de apoio”. Vicente Loyola deixou alguns seguidores do
seu estilo inconfundível de fazer jornalismo e Cordeiro de Andrade foi o maior
deles. Jornalista e escritor, José Cordeiro de Andrade nasceu em Sobral em 26
de outubro de 1908 e faleceu aos 37 anos no Rio de Janeiro (RJ), em 07 de
novembro de 1945. Cordeiro de Andrade teve toda a sua formação
jornalística nas oficinas de O Rebate. Em homenagem ao jornalista Vicente
Loyola e ao jornal dele, Cordeiro de Andrade fundou, em 12 de fevereiro de
1931, “O Debate”, nome que lembra rapidamente “O Rebate”, de propriedade do seu
ex-patrão e ídolo. Vicente Loyola também teve passagem na política, elegendo-se
por duas vezes deputado estadual. Recebeu maciça votação dos seus parentes,
amigos e leitores. E depois de muitos combates, vitórias, derrotas,
alegrias, tristezas e algumas humilhações o jornalista Vicente Loyola faleceu
aos 46 anos, em Sobral (CE) no dia 02 de novembro de 1919. Loyola deixou
seu nome perpetuado na história do jornalismo do Ceará. É lembrado em sua
terra, onde dá nome a uma rua e a um colégio; em Sobral o jornalista
forquilhense dá nome a uma das ruas do bairro Campo dos Velhos. Continue acessando estas e outras matérias no site do Jornal Correio da Semana da Cidade de Sobral- Ceará
http://jornalcorreiodasemana.com/css/index.php/cantinho-da-saudade/3402-vicente-loyola-
Estas e outras no diário de notícia do Pesquisador da Pré-história Célio
Cavalcante membro correspondente da ACEJI e do Jornal Circular da cidade de
Sobral-Ceará.
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