JORNAL GAZETA DO POVO “NAS
ONDAS DO RADIOAMADORISMO”
Parece brincadeira de criança, mas falar e ser ouvido por
uma pequena estação de rádio doméstica é o hobby de milhares de radioamadores
espalhados pelo mundo. No Brasil, 30.792 têm autorização da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel) para operar estações de radioamadorismo.
Um contingente de 2.469 pessoas está no Paraná. “Aqui eu falo com o
mundo”, diz Carlito Klein PY5KK. Ele tem 74 anos de idade e 60 de radioamadorismo. É
considerado referência pelos próprios radioamadores de Ponta Grossa, onde há
perto de 60 representantes do radioamadorismo. Carlito é filiado às ligas
brasileiras e até à americana. Já conversou com autoridades, como o
ex-presidente argentino Carlos Menem e o presidente Hussein, da Jordânia. Tudo
isso sem saber. “Eles não me contaram quem eram porque no radioamadorismo não
existe presidente nem autoridade, existem só radioamadores”, diz. Carlito
comprova os contatos através dos cartões trocados entre os radioamadores. O
inglês é a língua oficial nas transmissões. “Eu falo em alemão porque sou
descendente, inclusive, quando eu falo com alguém da Alemanha, eles me
perguntam há quanto tempo eu estou de férias no Brasil.
O inglês eu fui pegando
aos poucos”, comenta Carlito. O colega de radioamadorismo, Valmir Luiz de Mattos PY5VY, também
exercita seu inglês. “Morei seis anos no Canadá e para mim é mais fácil”,
acrescenta. As conversas são norteadas geralmente pelas notícias do cotidiano
de seus países de origem e pelas novidades técnicas do hobby. Há cerca de seis
anos, alguns radioamadores caíram nos encantos da internet e usam o eco-link
para se comunicarem. Trata-se de um programa específico que permite a
comunicação por sinais de rádio, mas via rede mundial. Os radioamadores
clássicos, como Carlito, não aderiram à novidade. “Não posso usar porque sou
filiado à liga americana e ela não permite”, explica. Valmir utiliza o
programa. “A propagação é melhor”, sustenta. Porém a boa e velha telegrafia,
que deu início ao radioamadorismo através da comunicação por sons, ainda é
ponto de partida para qualquer radioamador. O conhecimento da técnica é exigido
para o radioamador classe B (intermediário) entrar na classe A (a principal).
Para a classe C, basta uma prova com conhecimentos básicos do funcionamento do
rádio e de eletrônica. Todo o segmento é regrado pela Anatel, que aplica provas
para a emissão da certificação e cobra taxas anuais de funcionamento das
estações. “A telegrafia é o bicho-papão de muito radioamador”, confirma
Carlito, que aprendeu a técnica ainda na década de 50 por também ter sido
piloto de monomotor. Para Valmir, a telegrafia deveria ser uma exigência também
para os iniciantes, para qualificar o setor. Tragédias - Os radioamadores usam
frequências próprias de comunicação, mas, por terem conhecimento técnico, podem
intervir nas ondas da polícia. Segundo Valmir, isso não acontece. “Não
podemos entrar na frequência da polícia, isso não é permitido. Quando é
necessário, podemos ajudar nas tragédias”, afirma. Na enchente do rio Jaguaricatu,
em Sengés, em janeiro deste ano, quando cinco pessoas morreram, radioamadores
montaram uma estação improvisada no município para possibilitar a comunicação
das equipes de socorro. A cidade tinha ficada ilhada e as estações de telefone,
alagadas. Início - Para ingressar no radioamadorismo é preciso obter a licença
da Anatel, emitida após uma prova teórica. O próximo passo é comprar os
equipamentos. Uma estação básica para um radioamador classe C pode custar menos
de R$ 200. Uma estação sofisticada, usual nos Estados Unidos e na Europa, custa
até R$ 25 mil. Além de seguir as determinações da Anatel, é preciso ter uma
conduta compatível à função do radioamadorismo, ou seja, não comentar temas
polêmicos, como futebol e política durante as transmissões. Fonte da belíssima
matéria jornalística no site oficial do Jornal Gazeta do Povo http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=998674&tit=Nas-ondas-do-radioamadorismo –
Estas e outras no diário de notícia do radioamador Célio Cavalcante PT7ACZ
membro voluntário da RENER e Cruz vermelha Brasileira Filial Municipal de
Lavras-MG.
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